A importância do Conceito de transferência e seus desdobramentos na relação advogado e cliente.

Abstract

Ser técnico e utilizar-se de todos os dispositivos legais para servir o cliente garante o sucesso da demanda e uma relação exitosa entre advogado e cliente? Quando o cliente procura o advogado visualiza nele a solução do problema, e não é só isso, o cliente cria expectativas em relação ao trabalho do advogado e responsabiliza o profissional integralmente pelo sucesso da demanda. Veja, portanto, que esta dinâmica é prejudicial na medida que pode gerar conflitos entre eles, às vezes, em decorrência da chamada transferência que em apertada síntese consiste no cliente deslocar a própria necessidade/angústia para o advogado. Por esta razão que o presente artigo traz uma reflexão sobre a importância do conceito de transferência e seus desdobramentos na relação advogado e cliente, considerando a problematização envolvida, que pode potencializar o surgimento de conflitos entre ambos e por consequência o ajuizamento de demandas junto ao Poder Judiciário. Visando entender o porquê isso acontece, questiona-se se estes conflitos decorrem tão somente da não observância da legislação que rege a matéria ou de outros fatores que tornam a relação sem vantagem à finalidade a que se destina. Diante de tal premissa, apresentamos inclusive o entendimento que prevalece atualmente na Corte que julga estes tipos de conflitos (Superior Tribunal de Justiça). Assim como, os elementos psicológicos que influenciam diretamente na dinâmica da relação (consciente – razão e inconsciente – emoção e instinto), trazendo à baila as concepções de transferência segundo teóricos de destaque, com o objetivo de chamar a atenção dos operadores do direito, que da mesma forma como ocorre com o psicoterapeuta, a transferência também está presente na relação advogado e cliente e igualmente oferece um perigo atroz quando o profissional se deixar reduzir a objeto da afetividade do cliente. Demandando uma rara maestria e um enorme profissionalismo por parte do advogado para conseguir orientar e defender o cliente e, contemporaneamente, ser livre em si mesmo, considerando que para isso, o patrono busca no trabalho com o cliente nutrir somente estima e respeito, sem envolver-se em sentimento de piedade. Finalmente, para atingir esta finalidade, a concepção de “saber servir” enquanto metodologia aparecerá como subsídio para que se possibilite a maximização do ganho recíproco na relação advogado e cliente. Assim, como resultado da pesquisa, além do advogado ganhar excelência da própria dignidade, o cliente também será um vencedor, pois estará sendo acompanhado por um profissional sério que lhe passará confiança para a solução da questão.