Abstract:
Este artigo analisou a articulação entre os princípios da economia criativa e o programa Cidades Criativas da UNESCO, com foco na gastronomia como eixo transversal e estratégico nas experiênciasanalisadas, além de categorias como música, design e artesanato. A gastronomia é entendida não apenas como expressão cultural, mas também como catalisadora de inovação, identidade e inclusão social. Utilizando uma abordagem interdisciplinar, fundamentada na economia da cultura, nos estudos urbanos e nas políticas públicas de inovação, este estudo buscou compreender como as cidades integrantes da Rede de Cidades Criativas operam como ecossistemas promotores de desenvolvimento econômico, social e simbólico apartir da criatividade, da cultura e da identidade local. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, com revisão sistemática da literatura e análise de casos brasileiros e internacionais, incluindo as cidades de Belém (PA/Brasil), Paraty (RJ/Brasil), Chengdu (China) e Bolonha (Itália), destacando experiências vinculadas à gastronomia como eixo estruturante de valor territorial. Este estudo revelou que, ao integrar economia criativa e planejamento urbano, as Cidades Criativas constituem laboratórios de inovação territorial, embora enfrentem desafios relacionados à inclusão social, ao financiamento cultural e à gestão participativa. Por exemplo, em Paraty (Brasil), observam-se limitações na continuidade das políticas culturais e na institucionalização de mecanismos de governança inclusiva, o que interfere na consolidação de estratégias de longo prazo. A gastronomia, nesse contexto, destaca-se como instrumento de ativação patrimonial, transmissão intergeracional de conhecimento e geração de valor econômico e identitário. Por fim, propõe-se um arcabouço analítico para avaliar o potencial transformador dessas cidades no contexto da Agenda 2030.